EXERCÍCIO PARA CURIOSOS

escadas, olhos mágicos, cristais de sal, pedras, flores, folhas, mão de manequim, luva e luzes

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Como o próprio Santander Cultural diz, seu prédio apresenta uma “típica arquitetura bancária do início do século 20”. Para transformar o prédio histórico em centro cultural – ou melhor, para que fosse possível pendurar quadros – paredes brancas falsas foram erguidas para minimizar a imponente arquitetura, que combina elementos dos estilos neoclássico, art nouveau e barroco-rococó. Visitando o museu em busca de uma ideia, decidi trabalhar micro instalações dentro dessa parede falsa e instalar diversos olhos mágicos para que pudessem ser observadas. Busquei olhos de diferentes lugares e épocas, com diferentes lentes e qualidades ópticas. Os furos na parede foram feitos em diferentes alturas e escadas foram construídas para que o público pudesse alcançá-los. Entretanto um dos olhos foi instalado bastante alto, quase inatingível, e outro ainda muito baixo, para assim ativar não só o olho, mas todo o corpo do espectador curioso. Dentro da parede, cristais de sal formavam uma montanha iluminada; uma mão segurava uma pedra comum mas de um brilho intrigante; um olho mostrava uma flor desabrochando; outro uma constelação de luzes; outro olho dava para uma janela do prédio que foi aberta e assim permitiu se ver, de dentro do museu, a praça e os transeuntes lá fora; outro olho simplesmente revelava as teias de aranha das entranhas da instituição. Pensava, dentre tantas outras coisas, na privatização da natureza: pequenos universos criados para um único observador a cada vez…

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o vento dissipa as lembranças de uma realidade anterior, Santander Cultural, Porto Alegre, 2015